Saúde Pública

Um sistema público que sustenta e democratiza o acesso à saúde no Brasil

Laura Canesin e Lucas Fagundes
4 de dezembro de 2024

O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista histórica do povo brasileiro, que garantiu o direito universal à saúde. “O SUS marca a transição de uma lógica de seguro social para a de seguridade social, garantindo acesso universal e gratuito à saúde”, afirma Maria do Carmo Caccia Bava, professora de Medicina Social da USP.

Antes do SUS, o atendimento médico era limitado a quem contribuía para a previdência social, enquanto os demais dependiam de iniciativas filantrópicas ou enfrentavam longas filas em sistema público parcial e ineficiente. A criação do SUS transformou essa realidade ao estruturar um sistema abrangente, baseado nos princípios de universalidade, integralidade e equidade.

Organizado em uma rede hierarquizada que começa na atenção primária, responsável por resolver até 85% dos problemas de saúde, o Sistema avança para níveis mais complexos de atenção especializada e hospitalar. “Por exemplo, um paciente com suspeita de leucemia é encaminhado da atenção primária para um especialista e, se necessário, para transplantes complexos, como o de medula óssea, realizados em hospitais de alta densidade tecnológica”, explica Maria do Carmo.

Além do atendimento médico, o SUS é responsável por ações fundamentais para a saúde coletiva, como vigilância sanitária e controle de surtos. A qualidade do sangue em hospitais e a segurança dos alimentos em restaurantes, por exemplo, são garantias promovidas pelo sistema público. Para a doutora, “a saúde é mais do que a ausência de doença; é um conjunto de condições que envolvem moradia, alimentação, transporte e qualidade de vida”.

Segundo censo do IBGE, mais de 70% da população brasileira depende do SUS, que também é utilizado em procedimentos de alta complexidade por pessoas que têm planos de saúde privados. Apesar dos desafios financeiros e operacionais, o sistema permanece essencial. “Se não fosse o SUS, muitas famílias, incluindo a minha, não teriam condições de arcar com tratamentos como transplantes de medula”, conclui Caccia Bava, reforçando a importância de um sistema público que prioriza o direito à vida e à saúde.