A Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) é um órgão criado pelo Governo do Estado de São Paulo e vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania. Seu papel é prestar atendimento para jovens infratores de 12 a 18 anos incompletos, por meio de medidas socioeducativas de privação e restrição de liberdade. A Instituição promove atividades culturais, esportivas, musicais e educacionais
O arte-educador Tiago Spoken, que já atuou com atividades culturais para jovens periféricos da Fundação Casa, comenta que a falta de políticas públicas e a quase inexistência de condições para que essas pessoas acessem ambientes educativos, culturais e até de lazer fazem com que a reabilitação seja a exceção. Para Spoken, a falta de pessoas capacitadas para atuar com esse público também é um empecilho.
Além disso, a estrutura social de vivência desses jovens é marcada por violência, falta de afeto e ausência de família. A falta de uma rede de apoio adequada faz com que esses jovens não saibam lidar com os obstáculos. “A estrutura social ajuda a caminhar para esse lado ruim e quando você quer mudar é difícil”.
Spoken ainda ressalta que a ausência de atividades culturais contribui para a marginalização desses jovens. “A estrutura social influencia muito na marginalização e na inserção da molecada, até mesmo de uma pessoa mais velha, que de repente surta e ‘mete o louco’. Um pai de família que diz que vai roubar para poder alimentar os filhos. Isso é verdade. Não está certo, os fins não justificam os meios, mas é uma realidade”.
O alcance de uma alternativa para esses jovens é limitado pelo racismo estrutural, especialmente para os que desejam seguir o caminho artístico. Spoken comenta que o artista periférico começa em uma posição ainda mais desfavorecida e, nesse contexto, o risco de se frustrar é alto, o que pode levá-lo a desistir cedo. “Muitos que poderiam ter sido salvos acabam voltando para a vida de criminalidade. Nós trocávamos ideias que transformavam a visão dos meninos. Só que eles saem de lá e isso não tem continuidade. Quando eles saem, vão para onde? Para o mesmo lugar”, finaliza Spoken.