Geovanni Henrique da Silva, jaboticabalense de 25 anos, é um jovem talento do jornalismo esportivo que vem se destacando em importantes veículos da região e no cenário nacional. Com passagens pela CBN Ribeirão e Araraquara, Ge.globo, além de ser repórter no canal do Paulistão e na Cazé TV, ele soma uma sólida trajetória profissional. Formado em Jornalismo pela Universidade de Ribeirão Preto e pela Universidade de Franca, Geovanni tem construído uma carreira promissora, marcando presença em grandes coberturas esportivas e conquistando o reconhecimento de seus colegas e público.
FARO – Como surgiu a oportunidade de trabalhar para a Cazé TV?
GEOVANNI – Depois que saí da CBN, comecei a fazer transmissões para a Federação Paulista, que já tinha uma parceria com a Live Mode. A Live Mode é uma empresa de streaming que oferece esse serviço para canais ou federações. Ela percebeu que a Cazé TV, especificamente o Casimiro, estava crescendo bastante. Assim, fizeram uma parceria que resultou na Cazé TV. Por eu já ter essa parceria com a Live Mode e a Federação, fazendo jogos dos times do interior de São Paulo, surgiu a oportunidade de participar da Copinha em 2024. A maioria dos jogos da Copinha acontece no estado de São Paulo, com muitos deles no interior, como em Franca, Bebedouro, Ribeirão Preto e Araraquara. Por eu ser um parceiro, a Cazé TV me convidou para participar. Em seguida, eles adquiriram os direitos de transmissão do Paulistão. Isso também envolvia o Botafogo de Ribeirão Preto, que está na Série A1 do Paulistão. Assim, fiz a Copinha e o Paulistão.
Foi uma experiência muito legal, porque é uma transmissão diferente. Não há como negar isso; a Cazé tem uma linguagem distinta. Para nós, que somos jovens, é interessante ter algo que é mais nosso, algo mais natural, sem ser muito forçado ou quadrado. Acredito que para os mais velhos que trabalharam na Cazé TV, houve a necessidade de se moldar um pouco, saindo do tradicional para adotar essa linguagem mais jovial que caracteriza a Cazé TV.
Você acha que os espectadores estão migrando da televisão tradicional para os streamings online por ter uma conexão mais próxima com o narrador, o comentarista e o repórter?
Acredito que a Cazé seja um fator excepcional, pois existem vários outros streamings que não possuem as características do Casimiro. É importante diferenciarmos o streaming da Cazé TV. Penso que a migração está acontecendo porque o streaming permite que você assista de qualquer lugar. Na televisão, as pessoas costumam assistir mais frequentemente em casa. O streaming trouxe facilidade para consumir conteúdos, independentemente da localização. A Cazé é um caso à parte. A transição de ver um jogo na Globo para a Cazé TV se dá pela linguagem e pela qualidade. Não se trata apenas de uma linguagem informal; as imagens são boas, os comentaristas são competentes, os narradores são bons e os repórteres são bons, então a qualidade também está presente. Não deixa a desejar em nada. Trouxe proximidade com quem gosta da internet que é um público muito maior. Ontem, por exemplo, estava assistindo ao jogo da Copa Acerj (corrida de Kart) na Cazé TV, às 11h30 da noite, e havia 46 mil aparelhos conectados. Pode ser que em um aparelho estejam quatro pessoas assistindo. A Copa Acerj, há dois anos, não tinha relevância. Hoje, é uma competição com uma visibilidade significativa graças à Cazé TV.
O estilo de comunicação e a linguagem utilizada na Cazé TV são importantes para atrair um público mais jovem? Como isso se diferencia do que é oferecido nas emissoras tradicionais?
Com certeza. Para mim, é o público que já assistia às lives do Casimiro, que são os que interagem no chat. Está havendo uma migração também do público mais adulto, porque percebem que não faz sentido ficar parados em frente à TV se podem ter essa experiência no celular. É uma questão de praticidade. Hoje, (também) o streaming é vantajoso, especialmente no caso do YouTube. A Cazé ganha em cima da monetização do YouTube e não depende exclusivamente de patrocínios. A Globo, por exemplo, depende dos jogos de quarta-feira à noite, mas a Cazé TV conta com um recurso adicional, que é a monetização. Isso é importante. O Casimiro, quando trabalhava no Esporte Interativo, fez desse canal o mais visualizado do mundo no Facebook. E por quê? Porque havia conteúdo disponível o tempo todo. Durante as Olimpíadas, a Cazé TV e o Casimiro produziram conteúdo constantemente, sempre com novidades a cada atualização de vídeo. Isso os torna os maiores. É muito difícil que alguém consiga tirar essa essência da Cazé da internet. Eles se conectam muito com as pessoas que estão assistindo.
Como é para você lidar com essa proximidade que as plataformas digitais oferecem, como os comentários em tempo real e o engajamento mais direto?
Na minha função como repórter, eu não vejo o chat porque estou no campo, mas a gente escuta o comentarista e o narrador falando. É muito legal porque é algo imediato. Pensando no comentarista e no narrador, é uma interação imediata, como no rádio. Hoje, o rádio tem muito recurso de interação em tempo real, com as pessoas participando pelo WhatsApp, você consegue estabelecer essa conversa também. Não é igual ao chat, porque o WhatsApp depende de você abrir. O chat está na sua frente, é uma comunicação instantânea. Sai um gol e você já sabe a opinião de todo mundo. Todo mundo já comenta: bonito, bonito, bonito, ou feio. Não gostei e tal. Às vezes, se algo estiver ruim na transmissão, o narrador percebe que o som está ruim, não porque ele esteja ouvindo o som, mas porque o chat avisou. Eu já vi várias vezes problemas técnicos serem percebidos pelo narrador por meio do chat. O chat avisa o narrador, e o narrador avisa a equipe. Tem essa ponte.
Sabemos que sua trajetória foi muito ligada ao rádio. Como foi esse processo de adaptação ao estilo da Cazé TV? Ou você já possuía esse perfil e ele só foi mais explorado na nova fase?
Quando eu trabalhava na CBN, tinha um programa chamado Arena CBN, das 16h às 17h. Era um programa em que falávamos de futebol, mas de forma mais descontraída. Não era nada preso, até porque o rádio também é assim. Acho que o que facilitou muito a minha vida é que no rádio você já precisa ser leve. É importante ter responsabilidade com a informação, mas também é possível ser um pouco informal. Isso, acredito, me preparou, sem eu saber. Na verdade, eu não sabia que depois trabalharia na Cazé. Acho que foi muito natural essa questão de brincar e ser descontraído. A maior dificuldade que enfrentei foi migrar para a parte de aparecer. No rádio, era só a voz. Fazíamos algumas transmissões esportivas com câmera, mas falamos enquanto uma câmera nos filma. Agora, para a TV e o streaming, no caso, é diferente. Como repórter, você olha para a TV e aparece na câmera. Já mencionei que, na minha primeira transmissão na Cazé , entrevistei um pipoqueiro? Foi algo natural.
Na sua visão, quais são os próximos passos para o jornalismo esportivo digital? E se a Cazé TV tem alguma influência sobre esse futuro do jornalismo esportivo?
Acho que a Cazé mudou e ainda vai mudar mais. Não tenho dúvida disso, porque eles estão sempre inovando. Ela está mudando e vai continuar, porque a forma como eles conseguem entender o mercado e o consumidor é algo que nunca vi igual. A Cazé TV é revolucionária na forma de distribuir conteúdo. Quem não assiste ao vivo, assiste pela internet. Não é só um canal de TV. Tanto que influenciou os concorrentes a trabalharem também nas redes sociais. Eles ficam postando conteúdo o dia inteiro. A Globo, o GE não ficam postando o tempo todo à toa. A Cazé os obrigou a fazer isso. As emissoras esportivas foram forçadas a entrar também nessa briga do digital. É a conta com mais seguidores entre ESPN, Globo Esporte, Globo. O interessante é ver as pessoas que são apegadas ao modelo tradicional. E eu acho que, na minha opinião, muitos estavam na zona de conforto. A Cazé TV está tirando essas pessoas da zona de conforto. E não tínhamos isso antes.