A ONG Mudando Vidas desempenha um papel essencial no combate ao preconceito e na articulação com a sociedade civil para garantir o respeito aos direitos dos Warao que migraram da Venezuela e agora vivem em Ribeirão Preto.
Stélia Castro, coordenadora cultural da ONG, reforça que acolher os Warao vai além da assistência social. “É necessário um olhar antropológico e diversificado para integrar a sociedade de forma justa e equitativa, sem que percam a cultura que está neles”, explica a especialista em projetos com povos indígenas na Amazônia e pesquisa socioambiental pela Fiocruz.
Entre as ações implementadas estão a organização de documentos, auxílio a benefícios sociais como Bolsa Família, cestas básicas, e campanhas de vacinação. Na educação, jovens Warao frequentam o EJA (Educação de Jovens e Adultos), enquanto a ONG promove reforço escolar e alfabetização em português. Paralelamente, são oferecidas formações de comunicação popular, ensinando o uso de ferramentas digitais para que possam produzir conteúdo e divulgar suas necessidades.
Criar uma escola indígena e formar professores Warao é uma das metas, visando dar à comunidade mais autonomia no futuro. A saúde é outro ponto crítico. A ONG mantém parcerias, como o projeto FluSo, liderado pela professora doutora da USP, Kranya Victoria Diaz-Serrano, para atendimentos odontológicos, mas ainda faltam recursos e profissionais. Stélia destaca a urgência de um médico da família para atender a comunidade, dado o volume de demandas e as barreiras linguísticas e culturais.
A coordenadora cultural destaca que o trabalho é fazer a ponte entre o mundo indígena e o não indígena, proporcionando um acolhimento menos agressivo e mais humano. No entanto, as limitações são muitas. Com poucos recursos e equipe reduzida, a organização busca constantemente parcerias e apoio da população local. “Sozinhos não conseguimos. Precisamos do apoio de Ribeirão Preto para melhorar a qualidade de vida dessas famílias.”