Refugiados venezuelanos

Colapso econômico e instabilidade política na Venezuela impõem migração

Leonardo Couto, Nicolas Souza, Sergio Linhares
21 de novembro de 2024

A crise política e econômica na Venezuela continua a forçar milhares de cidadãos a buscar refúgio em países vizinhos, incluindo o Brasil. Segundo a especialista Carolina Silva Pedroso, doutora em Relações Internacionais e especialista em Venezuela, os fatores que motivam esse êxodo são múltiplos e interligados, envolvendo instabilidade política, repressão governamental, colapso econômico e deterioração das condições de vida.

A escassez de alimentos e medicamentos, combinada com a hiperinflação e o desemprego, tem tornado a sobrevivência em território venezuelano cada vez mais inviável para a população pobre e os grupos étnicos indígenas. Para muitos, fugir é uma questão de necessidade, e o Brasil, pela proximidade geográfica e políticas de acolhimento, tornou-se um destino frequente. “Os refugiados relatam situações de fome, falta de atendimento médico básico e perseguições políticas. Muitos chegam ao Brasil em condições extremas, tanto físicas quanto emocionais”, destaca Carolina.

Os impactos da crise são sentidos diretamente na vida dos cidadãos venezuelanos. “Além das dificuldades econômicas, há um desgaste social profundo. Famílias estão se separando, comunidades estão sendo desestruturadas, e muitos enfrentam desafios de integração nos países que os recebem”, explica a especialista. No Brasil, a Operação Acolhida busca dar suporte a esses migrantes, mas as demandas ainda superam a capacidade de atendimento em muitas regiões fronteiriças.

A deterioração da economia venezuelana também tem influenciado diretamente a opção pela migração. Carolina aponta que muitos venezuelanos buscam no Brasil um refúgio com condições mínimas para reconstruir suas vidas. “Eles esperam encontrar oportunidades de trabalho, segurança e acesso a serviços básicos que não têm mais em seu país. No entanto, há também desafios na adaptação, já que nem sempre essas expectativas são atendidas plenamente.”

Quanto ao futuro, Carolina alerta que a crise na Venezuela não apresenta sinais concretos de solução no curto prazo. “A continuidade da instabilidade política e do colapso econômico provavelmente impulsionará novas ondas migratórias nos próximos anos. A situação pode se agravar caso o governo venezuelano não implemente mudanças estruturais.”

Sobre a possibilidade de retorno dos refugiados ao país natal, a especialista é cautelosa. “Para que os venezuelanos possam voltar em segurança, seria necessário um processo de reconstrução política, incluindo a restauração da democracia e medidas concretas para reativar a economia e garantir direitos básicos. No cenário atual, isso parece distante.”