Pedagogos relatam problemas da educação em tempos de pandemia

por Thomaz Cavalcanti

Dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus, pode-se destacar que a educação está entre os que mais precisou se readaptar para continuar em vigor nesse novo cenário que vivemos atualmente.

Por poderem se tornar vetores de um vírus ou para evitar o contágio de familiares, colegas de classe ou docentes, crianças e adolescentes de todo o país se viram diante da impossibilidade de irem à escola para terem aulas presenciais.

Diante de tal situação, para os estudantes não perderem o ano letivo fez-se necessário adotar um novo método de ensino, a Secretaria da Educação decidiu implantar a plataforma virtual do progra­ma “Ensino a Distância”, para estabelecer o retorno das au­las na modalidade virtual.

De acordo com o pedagogo Ciro de Campos, do ponto de vista educacional, a educação presencial mediada por tecnologia tem muitos problemas, pois não houve tempo hábil para o treinamento das equipes de educação para essa nova dinâmica de ensino.

“Sob a ótica pedagógica temos um cenário pouco produtivo, sem a real construção do saber em conjunto, apenas o repasse de informações de modo burocrático a fim de concluir um ciclo de ensino, temos grandes prejuízos para o real desenvolvimento cognitivo do aluno neste cenário”, conta.

Já a diretora de creche municipal Júlia Miranda, acredita que a tecnologia está distante da educação e, portanto, deveria ter uma maior atuação.

“Eu penso que a tecnologia está fazendo parte da nossa vida cotidiana o tempo todo, celular, televisão, até os eletrodomésticos estão mais tecnológicos, então é interessante que a tecnologia permeie a educação. Acho que a educação no sentido tecnológico está muito atrasada, principalmente a educação pública, porque a criança tem acesso às tecnologias e a escola ainda insiste no formato lousa e cadeira, tudo muito fora da tecnologia, então é uma realidade paralela, porque se a gente pegar o modelo que a nossa avó estudou e o modelo que as crianças de hoje em dia estudam até a disposição do ambiente ainda se repete”, conclui.

O pedagogo também aponta que o aprendizado do aluno no cenário educacional em tempos de pandemia acaba se opondo à modalidade presencial antes da pandemia, pelo fato de que a modalidade de ensino à distância necessita de uma série de estruturas organizacionais para o seu sucesso, bem como o treinamento adequado das equipes docentes, adequação do material didático, projeto político pedagógico ajustado à estas necessidades.

“Há uma grande dicotomia entre alunos e professores sobre o novo método, todos concordam que neste momento seria uma opção, mas com suporte adequado em termos de acesso à tecnologia e conteúdo educacional de qualidade. Acredito que haja grande insegurança por parte dos professores e grande frustração por parte dos alunos com prejuízos importantes para o aprendizado neste momento”, conclui.

Entre as principais mudanças que a pandemia provocou na educação, apesar de ter tido um aumento na evasão escolar, Júlia acredita que houve um progresso tecnológico na educação pública.

“No ensino público, a gente tinha um atraso tecnológico muito grande em relação ao ensino particular, com essa pandemia por mais que a gente ainda está distante do acesso de uma escola particular a gente conseguiu dar um passo que há muito tempo a gente vem lutando, de investimento na tecnologia da escola, de colocar o wi-fi, o computador e a internet nas escolas, então eu acho que algo que vai ficar é o acesso à tecnologia para mais alunos de escola pública, por outro lado o que eu vejo em relação aos alunos de escola particular que tem esse acesso muito facilitado, é que eles estão tendo aula esse tempo todo, já os alunos de ensino público teve uma evasão escolar enorme, tem muitos alunos que estão ali matriculados no papel mas não estão participando de aula nenhuma”, conta.

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