Economia é um dos temas mais polêmicos que se pode levantar em uma discussão. E isso não é de hoje. Nunca na história, houve um período em que a grande maioria da população se visse satisfeita com a situação econômica do país, principalmente no Brasil. Digo “principalmente” porque em toda a trajetória dessa nação, desde o descobrimento em 1500, os processos e as transformações vieram acompanhados de algumas aspas. Uma independência motivada pelo desgaste com a família real — já em solo brasileiro fugindo de Napoleão — e seus decretos. Um golpe de estado mascarado por um falso pretexto e até a mudança da capital para Brasília, um território afastado de grandes centros e que dificultaria a pressão popular. Assim foi e continua sendo na economia. Grandes decisões pensadas e tomadas apenas objetivando o bem para uma parte da população quantitativamente pequena, mas que detém a maioria do poder aquisitivo.
Dando um passo para trás, o que é economia? Para alguns, economia é aquela pequena porcentagem do salário que fica guardada para uma emergência. Morfologicamente, economia é a ciência que consiste na análise da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Se somar a definição da palavra com o fato que o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e que com toda produção feita aqui seria possível alimentar todo o país sete vezes, algo em nossa economia não está certa. Diariamente números e mais números são colocados nos jornais, revistas e outros meios de comunicação, muitas vezes até sem entender o que significam. O comércio exterior bate recorde, o PIB (Produto Interno Bruto) marca quase 1,5 trilhões de dólares e a dívida pública segue caindo. Que bom! Mas a questão é: como esses dados, de fato, impactam na vida do brasileiro? É difícil olhar com bons olhos a notícia de que o PIB está na casa do trilhão e saber que, mesmo uma parte considerável desse valor venha da produção alimentícia, cerca de 33 milhões de brasileiros passam fome. Durante a reta final da pandemia, muito se falou em retomada da economia, que poderia começar por uma ampliação do peso do Estado, com aumento do investimento público. O fato é que isso que vai frontalmente contra o modelo liberal do Estado mínimo do Ministério da Economia —,e de uma efetiva participação dos bancos públicos, bem como um aumento de liquidez coordenado pelo Banco Central, uma vez que apenas “despejar” dinheiro no mercado de nada adianta. O que vale mais para um governo? Priorizar o bem da população e da situação econômica do país ou manter o discurso liberal adotado? Como foi colocado no começo do artigo, as decisões nunca foram e nunca serão pautadas em um bem-estar geral da população. A “economia real” sempre fica em segundo plano. E é essa a pauta trazida pela edição da Revista Buzz de 2022: economia real, aquela vivida e sentida pelo povo, todos os dias e em todo lugar. Textos que retratam, com exemplos e situações reais, a verdadeira situação da economia do país.