A pobreza na capital do agronegócio

por Otávio Mussolin

É evidente a crescente onda de insuficiência alimentar que assola Ribeirão Preto, e o Brasil. O centro histórico de Ribeirão vive uma decadência social há alguns anos. Isso se deve, principalmente, pela grande evolução industrial e tecnológica da cidade. O passeio pelo centro da cidade tornou-se melancólico e até mesmo assustador, onde antes era uma opção de lazer, hoje virou uma amostra do que a fome e a pobreza expressam.

Essa pobreza que se estabeleceu na cidade ribeirãopretana ficou ainda mais evidente depois da pandemia da Covid-19. Com a chegada da doença, ONGs  fecharam e foi preciso procurar outras alternativas para ajudar aqueles que necessitavam. Uma das alternativas foi sair pela cidade e distribuir pessoalmente alimentos, roupas e cestas básicas, tentando assim diminuir os efeitos da doença. Porém, o que algumas pessoas não esperavam foi a grande imigração de pessoas de países vizinhos, como Colômbia, Venezuela e Argentina, que enfrentam crises econômicas terríveis. Na matéria publicada na revista Buzz de 2022, foi possível saber a realidade de um imigrante da Venezuela que contou como veio parar em Ribeirão Preto e o porquê disso. Ramón veio com suas duas filhas pequenas, uma delas com menos de um ano, para tentar uma oportunidade de emprego e uma renda fixa, sem depender de doações e ajuda, como vem sendo nos últimos seis meses, ao lado do Theatro Pedro II. O próprio prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira, destacou que o maior problema da cidade, hoje, é a pobreza. A cidade conta com 87 núcleos urbanos informais, totalizando cerca de 9.734 domicílios, de acordo com a Secretaria de Planejamento e do Plano Local de Habitação de Interesse Social. Em 2010, existiam 43 assentamentos precários, mais de 10 anos depois, esse número dobrou.

As ONGs da cidade se veem na obrigação de ajudar o máximo possível de pessoas por semana, mas a falta de cestas básicas e outros produtos fazem com que essa ajuda seja limitada e insuficiente. Todas as entidades registradas do município objetivam atender cerca de 25 mil pessoas, número alto para a região. É preciso ter em mente também, que não só moradores de rua são ajudados, mas também aqueles que precisam de um lugar para lavar roupa, comer, dormir e até mesmo para quem não tem como cozinhar. Em 2022, a fome voltou a ser uma pauta política importante e pode ser alvo de fake news, como vários outros assuntos. Para não se ter dúvida, a ONU liberou dados sobre a fome no Brasil, no qual 33,1 milhões de pessoas passam fome diariamente e 60 milhões passam por problemas de insuficiência alimentar. O país inteiro vive essa deficiência alimentar e esse cenário parece que não vai mudar tão cedo.

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