Segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Ribeirão Preto, o número de pessoas em situação de rua cresceu 722% em seis anos e os albergues estão superlotados. Em 2012, eram 414 moradores desabrigados. Em 2018, a Secretaria contabilizou 3.405 cidadãos sem residência. São pessoas sem um local fixo para repousar, sem um teto sobre a cabeça, que necessitam da ajuda de órgãos municipais para suprir as necessidades básicas de qualquer ser humano.
A Secretaria de Assistência Social coordena a Cetrem (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante),espaço designado para pessoas em situação de vulnerabilidade: abandono, migração, ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento. O espaço se divide em dois abrigos, o Esperança e o Renascer. Ambos oferecem condições de convívio, alimentação, higiene e cuidados pessoais, sendo um para homens e outro para mulheres.
As áreas designadas para o recebimento desses cidadãos e a prestação de assistência estão sofrendo com superlotações após o advento da pandemia da Covid-19. Os espaços foram incapazes de comportar tamanha demanda e como medida temporária, a Secretaria Municipal de Assistência Social, abriu um abrigo provisório na Cava do Bosque, em parceria com o Instituto Limite, (Associação Civil, sem fins lucrativos, com sede em Ribeirão Preto, de ação e atuação com público intergeracional, focada em especial na proteção, defesa e garantia dos direitos de criança e adolescentes). Em menos de dois meses de sua inauguração, em 23 de abril de 2020 o albergue com capacidade para 60 atendimentos, saltou para 100 atendimentos diários. Nesse curto período foram mais de 2 mil pessoas atendidas.
VULNERABILIDADE AGRAVADA
A comunidade desamparada, em sua maioria, não tem acesso aos cuidados básicos sanitários e representa significativa parcela das vítimas mais vulneráveis do novo coronavírus. Segundo levantamento recente realizado pela Semas, há cerca de 180 moradores na cidade de Ribeirão Preto pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, com mais de 60 anos de idade. A Prefeitura Municipal afirma não ter data prevista para a vacinação dos mesmos, pois segue o cronograma de idade da população, sem priorizar a situação do cidadão.
A situação, de acordo com um levantamento preliminar, é a mesma no município vizinho, Sertãozinho. O Albergue Octávio de Oliveira é responsável por atender pessoas em situação de rua há mais de 57 anos na cidade. O abrigo funciona no período noturno acolhendo cerca de 30 pessoas por noite e oferece alimentação (jantar e café da manhã), enxoval, vestuários, kit de higiene pessoal, incentivo à leitura, lazer e recreação, palestras e atendimento psicológico.
Segundo Maria Rita Teixeira, coordenadora da entidade, essas pessoas em situação de vulnerabilidade chegam ao albergue encaminhadas pelo Centro Pop, que é responsável pelo cadastro de pessoas carentes do município. O centro as encaminha para alguns serviços durante o dia e depois para o pernoite no albergue. “A intenção é promover a reabilitação, dar novas oportunidades de emprego, oferecer tratamento médico, internação, e também acolher os trecheiros que passam de cidade em cidade”, afirma a coordenadora.
BANHO, COMIDA E CAMA
Michelle Sarne Padilha, psicóloga institucional e clínica, trata dos pacientes instáveis no albergue, “Muitos possuem família, mas por problemas não estão unidos no momento. Com isso, o albergue se torna um meio de defesa para não ficarem expostos aos riscos que as ruas trazem a eles. A maioria se sente acolhido, gosta do ambiente, de ter onde tomar banho, comer, dormir Isso é gratificante para ambas as partes”. A psicóloga explica que esses cidadãos recebem atendimento psicológico individual três vezes por semana e uma vez por mês participam de dinâmicas de grupo para desenvolvimento da interação social.
“O albergue é um instrumento de grande importância para a população de rua da cidade, por ajudar e oferecer uma nova visão de vida, além de não os deixar na rua correndo mais riscos do que já correm, oferecendo oportunidades de vida que eles perderam um dia. O trabalho continua sempre com a mesma intenção de caridade e ajuda ao próximo, proporcionando uma forma alternativa de moradia em caráter temporário com a garantia afetiva e material adequadas”, conta a coordenadora Maria Teixeira.
O Albergue Octavio de Oliveira tem parceria com a Prefeitura Municipal de Sertãozinho desde 2014 por meio do projeto Centro Pop. As verbas para mantê-lo são municipais, federais, recursos próprios advindos de doações de empresas, pessoas físicas, clube de serviços entre outros meios. Atualmente o abrigo conta com sete funcionários para executar os serviços necessários para atender as demandas diárias.
COMO AJUDAR
Os atendimentos à população vulnerável sempre foram necessários, mas em meio à pandemia da Covid-19 se tornaram essenciais para levar o mínimo, em se tratando de higiene e necessidades essenciais para a sobrevivência dos desabrigados.
Para os interessados em colaborar com o trabalho do Albergue Otavio de Oliveira, em Sertãozinho, as doações podem ser feitas em alimentos não perecíveis, produtos de higiene entregues diretamente no abrigo, a doação em dinheiro pode ser realizada pelo site: alberguestz.org.br, ou diretamente na secretaria da Instituição. Mais informações (16) 3942-9556.
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